sábado, 25 de novembro de 2006

Egoísmo

O Primeiro Ministro da Dinastia Tang era um herói nacional pelo seu sucesso tanto como homem de estado quanto como líder militar. Mas a despeito de sua fama, poder e riqueza, ele se considerava um humilde e devoto Buddhista. Freqüentemente ele visitava seu mestre Zen favorito para estudar com ele, e eles pareciam se dar muito bem. O fato de que ele era primeiro ministro aparentemente não tinha efeito em sua relação, que parecia ser simplesmente a de um reverendo mestre e seu respeitoso estudante.

Um dia, durante sua visita usual, o Primeiro Ministro perguntou ao mestre, "Mestre, o que é o egoísmo de acordo com o Buddhismo?"

O rosto do mestre ficou vermelho, e num tom de voz extremamente desdenhoso e insultuoso ele gritou em resposta:

"Que tipo de pergunta estúpida é esta?!?"

Tal resposta tão inesperada chocou tanto o Primeiro Ministro que este tornou-se imediatamente arrogante e com raiva:

"Como ousa me tratar assim?"

Neste momento o mestre Zen sorriu e disse:

"ISTO, Sua Excelência, é egoísmo..."

sábado, 18 de novembro de 2006

Homem Santo

Boatos espalharam-se por toda a região acerca do sábio Homem Santo que vivia em uma pequena casa sobre a montanha. Um homem da vila decidiu fazer a longa e difícil jornada para visitá-lo. Quando chegou na casa, ele viu um simples velho dentro que o recebeu, abrindo a porta.

"Eu gostaria de ver o sábio Homem Santo," disse ele ao outro. O velho sorriu e permitiu-o entrar.

Enquanto eles caminhavam ao longo da casa, o homem da vila olhava ansiosamente em torno, antecipando seu encontro com um homem considerado um verdadeiro Santo. Mas antes que pudesse dar pela coisa, ele já havia percorrido a extensão da casa e levado para fora. Ele parou e voltou-se para o velho:

"Mas eu quero ver o Homem Santo!"

"Já o fizeste," disse o velho. "Todos que tu encontras em tua vida, mesmo se eles pareçam simples e insignificantes... veja cada um deles como um sábio Homem Santo. Se fizeres deste modo, então quaisquer que sejam os problemas que trouxestes aqui hoje, serão resolvidos..."

E fechou a porta.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Talvez

Há um conto Taoísta sobre um velho fazendeiro que trabalhou em seu campo por muitos anos. Um dia seu cavalo fugiu. Ao saber da notícia, seus vizinhos vieram visitá-lo.

"Que má sorte!" eles disseram solidariamente.

"Talvez," o fazendeiro calmamente replicou. Na manhã seguinte o cavalo retornou, trazendo com ele três outros cavalos selvagens.

"Que maravilhoso!" os vizinhos exclamaram.

"Talvez," replicou o velho homem. No dia seguinte, seu filho tentou domar um dos cavalos, foi derrubado e quebrou a perna. Os vizinhos novamente vieram para oferecer sua simpatia pela má fortuna.

"Que pena," disseram.

"Talvez," respondeu o fazendeiro. No próximo dia, oficiais militares vieram à vila para convocar todos os jovens ao serviço obrigatório no exército, que iria entrar em guerra. Vendo que o filho do velho homem estava com a perna quebrada, eles o dispensaram. Os vizinhos congratularam o fazendeiro pela forma com que as coisas tinham se virado a seu favor.

O velho olhou-os, e com um leve sorriso disse suavemente:

"Talvez."

sábado, 11 de novembro de 2006

Fala correta

Se não for verdade, não trouxer benefícios e for desagradável, não diga.
Se não for verdade, não trouxer benefícios e for agradável, não diga.
Se for verdade, mas não trouxer benefícios e for desagradável, não diga.
Se for verdade, não trouxer benefícios e for agradável, não diga.
Se for verdade, benéfico mas desagradável, saiba quando dizer.
Se for verdade, benéfico e agradável, saiba quando dizer.

sábado, 4 de novembro de 2006

Certo e Errado

Quando Bankei realizava seus retiro semanais de meditação, discípulos de muitas partes do Japão vinham participar. Durante um destes Sesshins um discípulo foi pego roubando. O caso foi reportado a Bankei com a solicitação para que o culpado fosse expulso.

Bankei ignorou o caso.

Mais tarde o discípulo foi surpreendido na mesma falta, e novamente Bankei desdenhou o acontecimento. Isto aborreceu os outros pupilos, que enviaram uma petição pedindo a dispensa do ladrão, e declarando que se tal não fosse feito eles todos iriam deixar o retiro.

Quando Bankei leu a petição ele reuniu todos diante de si.

"Vocês são sábios," ele disse aos discípulos. "Vocês sabem o que é certo e o que é errado. Vocês podem ir para qualquer outro lugar para estudar e praticar, mas este pobre irmão não percebe nem mesmo o que significa o certo e o errado. Quem irá ensiná-lo se eu não o fizer? Eu vou mantê-lo aqui mesmo se o resto de vocês partirem."

Uma torrente de lágrimas foram derramadas pelo monge que roubara. Todo seu desejo de roubar tinha se esvaecido.