quinta-feira, 29 de dezembro de 2005

Não Procure o Budismo

Se você quer milagres, não procure o buddhismo. O supremo milagre para o buddhismo é você lavar seu prato depois de comer.

Se você quer curar seu corpo físico, não procure o buddhismo. O buddhismo só cura os males de sua mente: ignorância, cólera e desejos desenfreados.

Se você quiser arranjar emprego ou melhorar sua situação financeira, não procure o buddhismo. Você se decepcionará, pois ele vai lhe falar sobre desapego em relação aos bens materiais. Não confunda, porém, desapego com renúncia.

Se você quer poderes sobrenaturais, não procure o buddhismo. Para o buddhismo, o maior poder sobrenatural é o triunfo sobre o egoísmo.

Se você quer triunfar sobre seus inimigos, não procure o buddhismo. Para o buddhismo, o único triunfo que conta é o do homem sobre si mesmo.

Se você quer a vida eterna em um paraíso de delícias, não procure o buddhismo, pois ele matará seu ego aqui e agora.

Se você quer massagear seu ego com poder, fama, elogios e outras vantagens, não procure o buddhismo. A casa de Buddha não é a casa da inflação dos egos.

Se você quer a proteção divina, não procure o buddhismo. Ele lhe ensinará que você só pode contar consigo mesmo.

Se você quer um caminho para Deus, não procure o buddhismo. Ele o lançará no vazio.

Se você quer alguém que perdoe suas falhas, deixando-o livre para errar de novo, não procure o buddhismo, pois ele lhe ensinará a implacável Lei de Causa e Efeito e a necessidade de uma autocrítica consciente e profunda.

Se você quer respostas cômodas e fáceis para suas indagações existenciais, não procure o buddhismo. Ele aumentará suas dúvidas.

Se você quer uma crença cega, não procure o buddhismo. Ele o ensinará a pensar com sua própria cabeça.

Se você é dos que acham que a verdade está nas escrituras, não procure o buddhismo. Ele lhe dirá que o papel é muito útil para limpar o lixo acumulado no intelecto.

Se você quer saber a verdade sobre os discos voadores ou sobre a civilização de Atlântida, não procure o buddhismo. Ele só revelará a verdade sobre você mesmo.

Se você quer se comunicar com espíritos, não procure o buddhismo. Ele só pode ensinar você a se comunicar com seu verdadeiro eu.

Se você quer conhecer suas encarnações passadas, não procure o buddhismo. Ele só pode lhe mostrar sua miséria presente.

Se você quer conhecer o futuro, não procure o buddhismo. Ele só vai lhe mandar prestar atenção a seus pés, enquanto você anda.

Se você quer ouvir palavras bonitas, não procure o buddhismo. Ele só tem o silêncio a lhe oferecer.

Se você quer ser sério e austero, não procure o buddhismo. Ele vai ensiná-lo a brincar e a se divertir.

Se você quer brincar e se divertir, não procure o buddhismo. Ele o ensinará a ser sério e austero.

Se você quer viver, não procure o buddhismo, pois ele o ensinará a morrer.

Se você quer morrer, não procure o buddhismo, pois ele o ensinará a viver.


Reverenda Yvonette Silva Gonçalves

terça-feira, 27 de dezembro de 2005

quinta-feira, 15 de dezembro de 2005

Respostas ...

Não é necessário buscar num mundo ilusório os princípios da vida.
Apenas preste atenção nos detalhes da vida e os experimente.
É mais fácil encontrar a resposta onde começa a dúvida.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2005

Sabedoria

Considera quem te repreende os defeitos como se ele te desvendasse tesouros.
Liga-te ao sábio que te reprova os erros.
Quem isto faz, torna-se melhor, não pior.

domingo, 27 de novembro de 2005

O Buda e o Iogue

Durante uma viagem, Buda encontrou um iogue que jejuava há muito tempo.

“Queimo os erros do meu passado”, explicou o homem.

“E quantos erros já queimou?”

“Não tenho a menor idéia.”

“E quanto falta queimar?”, insistiu Buda.

“Não tenho a menor idéia.”

“Então é hora de acabar com isso e entender que se corrigem os erros com boas ações e não com penitência”, foi o comentário de Buda.

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Sendo seu próprio mestre

Aquele que é seu próprio mestre, não muda sob a influência do meio ou dos outros ...

sábado, 5 de novembro de 2005

Buda vs Deva

O Buda estava um dia no jardim de Anathapindika, na cidade de Jetavana, quando lhe apareceu um Deva (espírito da natureza) em figura de brâmane e vestido de hábitos brancos como a neve, e entre ambos se estabeleceu o seguinte "duelo":


O Deva:
- Qual é a espada mais cortante?
Ao que Buda respondeu:
- A palavra raivosa é a espada mais cortante.
- Qual é o maior veneno?
- A inveja é o mais mortal veneno.
- Qual é o fogo mais ardente?
- A luxúria.
- Qual é a noite mais escura?
- A ignorância.
- Quem obtém a maior recompensa?
- Quem dá sem desejo de receber é quem mais ganha.
- Quem sofre a maior perda?
- Quem recebe de outro sem devolver nada é o que mais perde.
- Qual é a armadura mais impenetrável?
- A paciência.
- Qual é a melhor arma?
- A sabedoria.
- Qual é o ladrão mais perigoso?
- Um mau pensamento é o ladrão mais perigoso.
- Qual o tesouro mais precioso?
- A virtude.
- Quem recusa o melhor que lhe é oferecido neste mundo?
- Recusa o melhor que se lhe oferece quem aspira à imortalidade.
- O que atrai?
- O bem atrai.
- O que repugna?
- O mal repugna.
- Qual é a dor mais terrível?
- A má conduta.
- Qual é a maior felicidade?
- A libertação.
- O que ocasiona a ruína no mundo?
- A ignorância.
- O que destrói a amizade?
- A inveja e o egoísmo.
- Qual é a febre mais aguda?
- O ódio.
- Qual é o melhor médico?
- O Buda.

O Deva então faz sua última pergunta:
- O que é que o fogo não queima, nem a ferrugem consome, nem o vento abate e é capaz de reconstruir o mundo inteiro?

Buda respondeu:
- O benefício das boas ações.

Satisfeito com as respostas, o Deva, com as mãos juntas, se inclinou respeitosamente ante Buda e desapareceu.


Do livro "Buda - Aquele que Despertou".

Problema ...

Certo dia, num mosteiro zen-budista, com a morte do guardião foi preciso encontrar um substituto. O grande Mestre convocou então todos os discípulos para determinar quem seria o novo sentinela. O Mestre, com muita tranqüilidade, falou:

- "Assumirá o posto o primeiro monge que resolver o problema que vou apresentar."

Então, ele colocou uma mesinha magnífica no centro da enorme sala em que estavam reunidos e, em cima dela, pôs um vaso de porcelana muito raro, com uma rosa amarela de extraordinária beleza a enfeitá-lo e disse apenas:

- "Aqui está o problema!" Todos ficaram olhando a cena. O vaso belíssimo, de valor inestimável, com a maravilhosa flor ao centro. O que representaria? O que fazer? Qual o enigma?

Nesse instante, um dos discípulos sacou a espada, olhou o Mestre, os companheiros, dirigiu-se ao centro da sala e ... ZAPT ... destruiu tudo, com um só golpe. Tão logo o discípulo retornou a seu lugar, o Mestre disse:

- "Você será o novo Guardião do Castelo."

Afirmações e Negações

Quando curiosamente te perguntarem, buscando saber o que é Aquilo,
Não deves afirmar ou negar nada.
Pois o que quer que seja afirmado não é a verdade,
E o que quer que seja negado não é verdadeiro.
Como alguém poderá dizer com certeza o que Aquilo possa ser
Enquanto por si mesmo não tiver compreendido plenamente o que É?
E, após tê-lo compreendido, que palavra deve ser enviada de uma Região
Onde a carruagem da palavra não encontra uma trilha por onde possa seguir?
Portanto, aos seus questionamentos oferece-lhes apenas o silêncio,
Silêncio - e um dedo apontando o Caminho.

domingo, 30 de outubro de 2005

sábado, 29 de outubro de 2005

segunda-feira, 24 de outubro de 2005

domingo, 23 de outubro de 2005

Only Time

Who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...

And who can say if your love grows,
As your heart chose?
Only time...

Who can say why your heart sighs,
As your love flies?
Only time...

And who can say why your heart cries,
When your love dies?
Only time...

Who can say when the roads meet,
That love might be,
In your heart.

And who can say when the day sleeps,
If the night keeps all your heart?
Night keeps all your heart...

Who can say if your love grows,
As your heart chose?
Only time...

And who can say where the road goes,
Where the day flows?
Only time...

Who knows?
Only time...

Who knows?
Only time...


- Enya

Só o Tempo

Quem pode dizer para onde a estrada vai,para onde o dia flui?
Somente o tempo...
E quem pode dizer se o seu amor se desenvolverá
da forma como seu coração escolheu?

Somente o tempo...

Quem pode dizer por quê seu coração suspira,
conforme seu amor vai embora rapidamente?

Somente o tempo...
E quem pode dizer por quê seu coração chora,quando seu amor morre?
Somente o tempo...

Quem pode dizer quando as estradas se encontram?
Aquele amor talvez esteja em seu coração...

E quem pode dizer quando o dia adormece,
se a noite possui todo o seu coração?
A noite possui todo o seu coração...

Quem pode dizer se o seu amor se desenvolverá,
da forma como seu coração escolheu?
Somente o tempo...
E quem pode dizer para onde a
estrada vai,para onde o dia flui?
Somente o tempo...

Quem sabe?
Somente o tempo...

- Enya

sábado, 22 de outubro de 2005

Procurando o Mestre

Ama a ti mesmo e esteja atento
Hoje, amanhã e sempre

Primeiro estabelece a ti mesmo no caminho,
Depois ensina aos outros,
E assim derrotarás o sofrimento.

Para corrigir o desonesto
Terás, primeiro, que fazer uma coisa difícil :
Corrigir a ti mesmo.

Tu és o teu único mestre.
Quem mais ?
Subjugue a ti mesmo
E descobre teu mestre.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

Nada Existe ...

YAMAOKA TESSHU, quando um jovem estudante Zen, visitou um mestre após outro. Ele então foi até Dokuon de Shokoku. Desejando mostrar o quanto já sabia, ele disse, vaidoso:
"A mente, Buddha, e os seres sencientes, além de tudo, não existem. A verdadeira natureza dos fenômenos é vazia. Não há realização, nenhuma delusão, nenhum sábio, nenhuma mediocridade. Não há o Dar e tampouco nada a receber!"
Dokuon, que estava fumando pacientemente, nada disse. Subitamente ele acertou Yamaoka na cabeça com seu longo cachimbo de bambu. Isto fez o jovem ficar muito irritado, gritando xingamentos.
"Se nada existe," perguntou, calmo, Dokuon, "de onde veio toda esta sua raiva?"

sábado, 15 de outubro de 2005

Talvez

Há um conto Taoísta sobre um velho fazendeiro que trabalhou em seu campo por muitos anos. Um dia seu cavalo fugiu. Ao saber da notícia, seus vizinhos vieram visitá-lo.
"Que má sorte!" eles disseram solidariamente.
"Talvez," o fazendeiro calmamente replicou. Na manhã seguinte o cavalo retornou, trazendo com ele três outros cavalos selvagens.
"Que maravilhoso!" os vizinhos exclamaram.
"Talvez," replicou o velho homem. No dia seguinte, seu filho tentou domar um dos cavalos, foi derrubado e quebrou a perna. Os vizinhos novamente vieram para oferecer sua simpatia pela má fortuna.
"Que pena," disseram.
"Talvez," respondeu o fazendeiro. No próximo dia, oficiais militares vieram à vila para convocar todos os jovens ao serviço obrigatório no exército, que iria entrar em guerra. Vendo que o filho do velho homem estava com a perna quebrada, eles o dispensaram. Os vizinhos congratularam o fazendeiro pela forma com que as coisas tinham se virado a seu favor.
O velho olhou-os, e com um leve sorriso disse suavemente:
"Talvez."

domingo, 9 de outubro de 2005

Uma Parábola

Certa vez, disse o Buddha uma parábola:
Um homem viajando em um campo encontrou um tigre. Ele correu, o tigre em seu encalço. Aproximando-se de um precipício, tomou as raízes expostas de uma vinha selvagem em suas mãos e pendurou-se precipitadamente abaixo, na beira do abismo. O tigre o farejava acima. Tremendo, o homem olhou para baixo e viu, no fundo do precipício, outro tigre a esperá-lo. Apenas a vinha o sustinha.
Mas ao olhar para a planta, viu dois ratos, um negro e outro branco, roendo aos poucos sua raiz. Neste momento seus olhos perceberam um belo morango vicejando perto. Segurando a vinha com uma mão, ele pegou o morango com a outra e o comeu.
"Que delícia!", ele disse.

sábado, 8 de outubro de 2005

sexta-feira, 7 de outubro de 2005

Zen

Antes de entendermos o Zen, as montanhas são montanhas e os rios são rios;
Ao nos esforçarmos para entender o Zen, as montanhas deixam de ser montanhas e os rios deixam de ser rios;
Quando finalmente entendemos o Zen, as montanhas voltam a ser montanhas e os rios voltam a ser rios.


terça-feira, 4 de outubro de 2005

Uma Xícara de Chá

Nan-In, um mestre japonês durante a era Meiji (1868-1912), recebeu um professor de universidade que veio lhe inquirir sobre Zen. Este iniciou um longo discurso intelectual sobre suas dúvidas.
Nan-In, enquanto isso, serviu o chá. Ele encheu completamente a xícara de seu visitante, e continuou a enchê-la, derramando chá pela borda.
O professor, vendo o excesso se derramando, não pode mais se conter e disse:
"Está muito cheio. Não cabe mais chá!"
"Como esta xícara," Nan-in disse, "você está cheio de suas próprias opiniões e especulações. Como posso eu lhe demonstrar o Zen sem você primeiro esvaziar sua xícara?"

domingo, 2 de outubro de 2005

Cinco Qualidades

Alguém que deseja repreender uma pessoa, precisa antes de fazê-lo (aquilo que ele será capaz de dizer), concretizar dentro de si cinco qualidades, assim :

- No momento adequado falarei, não fora do momento;
- Com sinceridade falarei, não com mentiras;
- Gentilmente falarei, não rispidamente;
- Para seu proveito falarei, não para seu prejuízo;
- Com bondosa intenção falarei, não com raiva.

sexta-feira, 30 de setembro de 2005

Haikai

Primavera vem
Inverno está indo
Verão espera

Desiderata

Siga tranqüilamente entre a pressa e a inquietude, lembrando que há sempre paz no silêncio.

Tanto quanto possível, sem se humilhar, mantenha boas relações com todas as pessoas.

Fale a sua verdade, mansa e claramente, e ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes, pois eles têm sua própria história.

Evite as pessoas escandalosas e agressivas. Elas afligem o vosso espírito.

Se Você se comparar aos outros, Você se tornará presunçoso e magoado, pois sempre haverá alguém superior e alguém inferior a Você.

Você é filho do Universo, irmão das Estrelas e Árvores. Você merece estar aqui e, mesmo sem Você perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo seu destino.

Desfrute das suas realizações bem como dos seus planos.

Mantenha o interesse em sua carreira, ainda que humilde, pois ela é um ganho real na Fortuna cambiante do Tempo.

Tenha cautela nos negócios, pois o Mundo está cheio de astúcias. Mas não se torne um cético, porque a Virtude sempre existirá.

Muita gente luta por altos ideais e em toda a parte a Vida está cheia de heroismo. Seja Você mesmo. Principalmente não simule a afeição. Não seja descrente do Amor, porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto ele é tão perene quanto a relva.

Aceite com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os arroubos inovadores da Juventude.

Alimente a força do Espírito que o protegerá no infortúnio inesperado, mas não se desespere com perigos imaginários. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão e, a despeito de uma disciplina rigorosa, seja gentil para consigo mesmo. Portanto, esteja em paz com Deus, como quer que Você o conceba e quaisquer que sejam seus trabalhos e aspirações.

Na fatigante confusão da Vida mantenha-se em paz com sua própria alma. Apesar de todas as falsidades e desencantos, o Mundo ainda é bonito.

Seja prudente e faça tudo para ser feliz.

domingo, 25 de setembro de 2005

Parar, Acalmar-se, Descansar e Curar-se

Existe uma história zen sobre um homem e um cavalo. O cavalo está galopando rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: "Aonde você está indo?" e o homem a cavalo responde: "Não sei. Pergunte ao cavalo!" Esta é a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela. Estamos sempre correndo, e isso já se tornou um hábito. Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra aos outros também.

Precisamos aprender a arte de fazer cessar — parar nosso pensamento, a força de nossos hábitos, nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz. Nós ligamos a TV e depois a desligamos, pegamos um livro e depois o deixamos de lado. O que podemos fazer para interromper este estado de agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos? É simples. Podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente e da contemplação profunda — para sermos capazes de compreender. Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, os frutos que colhemos são a compreensão, a aceitação, o amor e o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.

Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê? Porque a força do hábito (vashana) acaba vencendo e nos levando de roldão.

Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta. "Alô força do hábito, sei que você está aí!" Nessa altura, se conseguirmos simplesmente sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.

Por outro lado, o esquecimento ou negligência é o oposto.

Tomamos uma xícara de chá sem sequer perceber o que estamos fazendo. Sentamo-nos com a pessoa que amamos mas não percebemos que a pessoa está ali. Andamos sem realmente estar andando. Estamos sempre em outro lugar, pensando no passado ou no futuro. O cavalo dos nossos hábitos nos conduz, e somos prisioneiros dele. Precisamos deter este cavalo e resgatar nossa liberdade. Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos, para que a escuridão do esquecimento desapareça. A primeira função da meditação — shamatha — é fazer parar.

A segunda função da shamatha é acalmar. Quando sofremos uma emoção forte, sabemos que talvez seja perigoso agir sob sua influência, mas não temos força nem clareza suficientes para nos abstermos. Precisamos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o que estamos fazendo e acalmando nossas emoções. Precisamos aprender a nos tornar mais estáveis e firmes, como se fôssemos um carvalho, e não nos deixar arrastar pela tempestade de um lado para outro. O Buddha ensinou uma variedade de técnicas para nos ajudar a acalmar corpo e mente, e considerar a situação presente em toda a sua profundidade. Essas técnicas podem ser resumidas em cinco estágios:

  1. Reconhecimento: se estamos zangados, dizemos "reconheço que a raiva está dentro de mim".
  2. Aceitação: quando estamos zangados, não negamos a raiva. Aceitamos aquilo que está presente em
  3. Acolher: abraçamos a raiva como faz uma mãe com o filho que chora. Nossa atenção plena acolhe a emoção, e só isso já é capaz de acalmar a raiva e a nós mesmos.
  4. Olhar em profundidade: quando nos acalmamos o suficiente, conseguimos observar profundamente para entender o que provocou a raiva, ou seja, o que está fazendo o bebê chorar.
  5. Insight: o fruto do olhar profundo é a compreensão das causas e condições, tanto primárias quanto secundárias, que provocaram a raiva e fizeram nosso bebê chorar. Talvez ele esteja com fome. Talvez o alfinete da fralda o esteja machucando. Talvez nossa raiva tenha surgido quando um amigo nos falou em um tom ofensivo, mas de repente nos lembramos de que essa pessoa não está bem hoje porque seu pai está muito doente. Continuamos a refletir dessa forma até compreendermos a causa de nosso atual sofrimento. A compreensão nos dirá o que fazer ou não fazer para mudar a situação.

Depois de nos acalmarmos, a terceira função da shamatha é o repouso. Suponha que alguém nas margens de um rio joga uma pedra para o ar e a pedra cai no rio. A pedra afunda lentamente e chega ao fundo do rio sem esforço algum. Depois que a pedra chega ao fundo do rio, ela descansa, deixando que a água passe por ela. Quando sentamos para meditar podemos nos permitir repousar da mesma forma que essa pedra. Podemos nos deixar afundar naturalmente, na posição sentada — repousando, sem fazer esforço. Temos que aprender a arte de repousar, permitindo que nosso corpo e nossa mente descansem. Se tivermos feridas em nosso corpo e em nossa mente precisamos repousar para que elas possam por si só se curar.

O ato de se acalmar produz o repouso, e o descanso é um pré-requisito para a cura. Quando os animais selvagens estão feridos, eles procuram um lugar escondido para deitar, e descansam completamente por muitos dias. Não pensam em comida nem em mais nada. Apenas descansam, e com isso obtêm a cura de que precisam. Quando nós seres humanos ficamos doentes, nos preocupamos o tempo todo. Procuramos médicos e remédios, mas não paramos. Mesmo quando vamos para a praia ou para as montanhas com a intenção de descansar, não chegamos realmente a repousar, e voltamos mais cansados do que partimos. Temos que aprender a repousar. A posição deitada não é a única posição de descanso que existe. Podemos descansar muito bem durante meditações sentados ou caminhando. A meditação não deve ser um trabalho árduo. Simplesmente permita que seu corpo e sua mente descansem, como o animal no mato. Não lute. Não há necessidade de fazer nada nem realizar nada. Eu estou escrevendo um livro, mas não estou lutando. Estou descansando. Por favor, leiam este livro de uma forma alegre e relaxante. O Buddha disse: "Meu Dharma é a prática do não-fazer."1 Pratiquem de uma forma que não seja cansativa, mas que seja capaz de proporcionar descanso ao corpo, às emoções e à consciência. Nosso corpo e mente sabem curar a si mesmos se lhes dermos uma oportunidade para isso.

Parar, acalmar-se e descansar são pré-requisitos para a cura. Se não conseguirmos parar, nosso ritmo de destruição simplesmente vai prosseguir. O mundo precisa imensamente de cura. Os indivíduos, comunidades e países estão cada vez mais necessitados de cura.

(Thich Nhat Hanh. The heart of the Buddha's teaching)

quarta-feira, 21 de setembro de 2005

Trabalhando Duro

Um estudante foi ao seu professor e disse fervorosamente,
"Eu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a Iluminação! Quanto tempo vai demorar para eu obter este prêmio e dominar este conhecimento?"
A resposta do professor foi casual,
"Uns dez anos..."
Impacientemente, o estudante completou,
"Mas eu quero entender todos os segredos mais rápido do que isto! Vou trabalhar duro! Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em quanto tempo chegarei ao objetivo?"
O professor pensou um pouco e disse suavemente,
"Vinte anos."

Busca da Verdade

Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.
Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.
Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.
Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes.
Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração.
Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.
Não creiais em algo simplesmente porque está escrito em livros sagrados; não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou.
Não creiais em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos.
Mas após contemplação e reflexão, quando vós percebeis que algo é conforme ao que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a base de sua vida.

Gautama Buddha - Kalama Sutra

terça-feira, 20 de setembro de 2005

Nada Sei

Nada sei dessa vida
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber

Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar

Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando enquanto o tempo me deixar

Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar

Nesse mar
Os segundos insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só pra me afogar

Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando enquanto o tempo me deixar passar
Vou errando enquanto o tempo me deixar .

-
Paula Toller/George Israel

sábado, 17 de setembro de 2005

Mente Simples

A única mente que pode enxergar a vida de maneira transformada é a simples. O dicionário define simples como "tendo ou sendo composto por apenas uma parte". A percepção consciente pode absorver uma multiplicidade de coisas, da mesma forma como o olho consegue captar muitos detalhes ao mesmo tempo. Mas em si mesma a percepção consciente é uma coisa só. Ela permanece inalterada, sem acréscimos ou modificações. A percepção consciente é completamente simples; não temos de acrescentar nada, nem de modificá-la. É despretensiosa e isenta de arrogância. Não pode evitar de ser assim, a percepção consciente não é uma coisa, para ser afetada por isto ou aquilo. Quando vivemos a partir da pura percepção consciente, não somos afetados por nosso passado, nem pelo presente, nem pelo futuro. Uma vez que a percepção consciente nada tem que possa servir-lhe de fingimento, é humilde. É modesta. Simples.

quinta-feira, 15 de setembro de 2005

Hino sobre a Vida

A paz não é feita através da teoria.
Muitas pessoas morreram na guerra.
Este pesar, esta dor, ainda podem ser sentidos.
Não importa o quão alto se chore,
Deste modo a paz não pode ser alcançada.
As flores do campo e os pequenos insetos têm vida.
Cada vida tem de ser respeitada,
De onde mais viria a paz?

quarta-feira, 14 de setembro de 2005

terça-feira, 13 de setembro de 2005

O Caminho do Zen

O que é um humano?

O que sou eu?
O que é vida?
O que é?

Apenas uma vez vocês se perguntam com determinação!
Quando encontram problemas, vocês ficam tristes.
Isso é muito bom!

Cada vida é única,
Ela nunca volta deste modo.
Vamos nos mexer pelo despertar religioso.
É onde está o Caminho do Zen.

segunda-feira, 12 de setembro de 2005

Al Andar

Se dice que el ansioso
esconde un alma en paz,
viajero o misionero
va lejos mucho más
Si miro hasta el cielo
o dentro mío, no sé,
ya nada importa mucho
si puedo con sinceridad
saber que, lo intenté

Como el mar y su creciente
va la gente al andar
como el viento y su corrida
va la vida al andar
como el sol a la mañana
que reclama el andar
atesoro el momento
vivo y siento
es mi intento
y lo hago al andar

Viajé por tantos lados
en la imaginación
estamos siempre andando
sin tiempo ni razón
quién sabe las respuestas
quién puede elegir
si existen diferencias
sabemos que hay, en cada ser
deseos de vivir

Como el mar y su creciente
va la gente al andar
como el viento y su corrida
va la vida al andar
como el sol a la mañana
que reclama el andar
atesoro el momento
vivo y siento
es mi intento
y lo hago al andar

La brisa que acaricia
con suavidad el mar
y todas las gaviotas
que vuelan sin cesar
lo veo y lo siento
y no lo sé explicar
espléndido momento
sentir llover
y el sol nacer
vivir y disfrutar

Como el mar y su creciente
va la gente al andar
como el viento y su corrida
va la vida al andar
como el sol a la mañana
que reclama el andar
atesoro el momento
vivo y siento
es mi intento
y lo hago al andar

-Benny Anderson/Björn Uvaeus

domingo, 11 de setembro de 2005

Move On

They say a restless body
can hide a peaceful soul
a voyager and a settler
they both have a distant goal
if I explore the heavens
or if I search inside
well – it really doesn’t matter
as long as I can tell myself
I’ve always tried

Like a roller in the ocean
life is motion
move on
like a wind that’s always blowing
life is flowing
move on
like the sunrise in the morning
life is dawning
move on
how I treasure every minute
being part of it
being in it
with the urge to move on

I’ve travelled every country
I’ve travelled in my mind
it seems we’re on a journey
a trip through space and time
and somewhere lies the answer
to all the questions why
what really makes the difference
between all dead
and living things
the will to stay alive

Like a roller in the ocean
life is motion
move on
like a wind that’s always blowing
life is flowing
move on
like the sunrise in the morning
life is dawning
move on
how I treasure every minute
being part of it
being in it
with the urge to move on

The morning breeze that ripples
the surface of the sea
the crying of the seagulls
that hover over me
I see it and I hear it
but how can I explain
the wonder of the moment
to be alive
to feel the sun
that follows every rain

Like a roller in the ocean
life is motion
move on
like a wind that’s always blowing
life is flowing
move on
like the sunrise in the morning
life is dawning
move on
how I treasure every minute
being part of it
being in it
with the urge to move on

-Benny Anderson/Björn Uvaeus

sábado, 10 de setembro de 2005

Nas Mãos do Destino

Um grande guerreiro japonês chamado Nobunaga decidiu atacar o inimigo embora ele tivesse apenas um décimo do número de homens que seu oponente. Ele sabia que poderia ganhar mesmo assim, mas seus soldados tinham dúvidas.

No caminho para a batalha ele parou em um templo Shintó e disse aos seus homens:

"Após eu visitar o relicário eu jogarei uma moeda. Se a Cara sair, iremos vencer; se sair a Coroa, iremos com certeza perder. O Destino nos tem em suas mãos."

Nobunaga entrou no templo e ofereceu uma prece silenciosa. Então saiu e jogou a moeda. A Cara apareceu. Seus soldados ficaram tão entusiasmados a lutar que eles ganharam a batalha facilmente.

Após a batalha, seu segundo em comando disse-lhe orgulhoso:

"Ninguém pode mudar a mão do Destino!"

"Realmente não..." disse Nobunaga mostrando-lhe reservadamente sua moeda, que tinha sido duplicada, possuindo a Cara impressa nos dois lados.

sexta-feira, 9 de setembro de 2005

Retorno Acolhedor

Houve tempos em que você fracassou.
Andando no caminho vazio,
você pairava no ar,
perdido no ciclo de nascimento e morte
e mergulhado no mundo da ilusão.
Mas o belo caminho é paciente,
sempre esperando que você volte,
este caminho tão familiar a você
e tão confiável.
Ele sabe que você voltará um dia
e ele o acolherá em seu retorno.
O caminho será estimulante e belo
como da primeira vez.
O amor nunca diz que esta é a última vez.

- Thich Nhat Hanh

quarta-feira, 7 de setembro de 2005

Cada pessoa é tão preciosa para si

Viajamos por todo o mundo com nossos pensamentos,
Não encontrando em nenhum lugar
alguém tão precioso como nós mesmos.
Uma vez que cada pessoa é tão preciosa para si mesma,
que o nosso auto-respeito não faça mal a nenhum outro ser ...

domingo, 4 de setembro de 2005

sábado, 3 de setembro de 2005

Hospedaria

Um famoso mestre Zen aproximou-se do portal principal do palácio do Imperador. Nenhum dos guardas tentou pará-lo, constrangidos, enquanto ele entrou e dirigiu-se aonde o Imperador estava, solenemente sentado em seu trono.
"O que vós desejais?" perguntou o governante, imediatamente reconhecendo o visitante.
"Eu gostaria de um lugar para dormir aqui nesta hospedaria," replicou o mestre.
"Mas aqui não é uma hospedaria, bom homem," disse o Imperador, divertido, "Este é o meu palácio."
"Posso lhe perguntar a quem pertenceu este palácio antes de vós?" perguntou o mestre.
"A meu pai. Ele está morto."
"E a quem pertenceu antes dele?"
"A meu avô," disse, já bastante intrigado, "Mas ele também está morto."
"Sendo este um lugar onde pessoas vivem por um curto espaço de tempo e então partem - vós me dizeis que tal lugar não é uma hospedaria?"

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

terça-feira, 30 de agosto de 2005

segunda-feira, 29 de agosto de 2005

domingo, 28 de agosto de 2005

Quando encontrarem um espadachim na estrada, mostrem-lhe [sua espada].
Se não encontrarem um poeta, não mostrem [seus versos].
Se encontrem alguém, diga três quartos [da verdade];
Não devem dar ela toda.

sábado, 27 de agosto de 2005

Uma Mente Clara

A verdadeira natureza é pura e profunda
Como a água clara e calma.
Se batida com o ódio ou o amor,
Surgem ondas de irritação.
Surgindo sem cessar,
A própria natureza torna-se turva.
Irritação e ignorância
Sempre aumentam inconscientemente.

O "eu" agarrando um "outro"
É como a lama entrando na água.
O "eu" movido por um "outro"
É como jogar gordura no fogo.
Enquanto o reino externo for o caos, o "eu" será verdadeiro.
Enquanto o caos for tomado por real, o "eu" nascerá.
Se o "eu" não nascer,
As irritações, queimando por éons, transformam-se em gelo.

Assim, os perfeitos
Primeiro esvaziam a mácula do "eu".
Quando a mácula do "eu" for esvaziada,
Como o reino externo poderia ser uma obstrução?
A capacidade de se recuperar é a função
Do "eu" esquecido.
Assim que idiossincrasias aparecerem,
Você as reconhecerá imediatamente.

O objetivo do reconhecimento é a iluminação.
No instante em que um pensamento retornar ao brilho,
Todos os rastros serão limpados.
Esse momento é refrescante.
Refrescante, brilhante,
Inigualável, independente,
Tranqüilo, harmonioso,
Nada pode igualá-lo.

(Adaptado de Sheng-yen, The poetry of enlightenment: Poems by ancient
Ch'an masters. Elmhurst: Dharma Drum Publications, 1987. Pág. 99-100.)

terça-feira, 23 de agosto de 2005

O caminho ...

Aquele que se agarra à visão mundana
Não pode entrar no caminho [chin. Tao].

Àquele que não entende realmente, mas diz que entende,
Você não pode falar sobre o caminho.

Aquele que vive no conforto ocioso e que é preguiçoso
Não pode aprender o caminho.

Aquele que acredita em mentes individuais e separadas
Não pode falar sobre o caminho.

Aquele que abandona o movimento e procura a calma
Não pode cultivar o caminho.

Aquele que abandona o ensinamento para investigar a meditação [chin. Ch'an]
Não pode atingir o caminho.

Aquele que depende de palavras e conceitos para explicar o significado profundo do Dharma
Não pode entender o caminho.

Aquele que deseja ser apressado e procura por algo fácil
Não pode ser iluminado pelo caminho.

Aquele que separa o pequeno do grande
Não pode ser iluminado pelo caminho.

Aquele que se agarra ao impuro chamando-o de puro
Não pode conhecer o caminho.

Aquele que não gosta das coisas comuns e simples e,
Ao invés disso, tem uma afeição por coisas novas e especiais,
Não pode tender ao caminho.

Aquele que gosta apenas do simples e superficial
Mas não gosta do detalhado e profundo
Não pode entender o caminho.

Aquele que conduz uma tarefa de maneira superficial e que não gosta de esforço,
O que é contra a disciplina,
Não pode praticar o caminho.

Aquele que atinge um pouco mas acha que é suficiente
Não pode praticar o caminho.

Aquele que tem pouco entendimento mas acha que é suficiente
Não pode atingir o caminho.

Para atingir o caminho,
Apenas transcenda as preocupações, visões e tentações mundanas.

Para atingir o caminho,
Apenas permaneça modestamente e com mente aberta.

Para atingir o caminho,
Apenas trabalhe assiduamente.

Para atingir o caminho,
Apenas aprenda, com professores bons e próximos,
Como compreender o Dharma intuitivamente e, em todos os lugares,
Use o ensinamento experientemente para selar a mente.

(Ou-i, 1595-1653. Adaptado de An Exhortation to be alert to the Dharma. Traduzido por Lok To, editado
por Frank G. French. Bronx: Sutra Translation Committee of the United States and Canada, 1987. Pág. 2-3.)

segunda-feira, 22 de agosto de 2005

domingo, 21 de agosto de 2005

Um estudante de artes marciais aproximou-se de seu 
mestre com uma questão:
"Gostaria de aumentar meu conhecimento das artes marciais.
Em adição ao que aprendi com o senhor, eu gostaria de estudar
com outro professor para poder aprender outro estilo.
O que pensa de minha idéia?"
"O caçador que espreita dois coelhos ao mesmo tempo,"
respondeu o mestre,
"corre o risco de não pegar nenhum."



sábado, 20 de agosto de 2005

Quando Bankei realizava seus retiros semanais de meditação, 
discípulos de muitas partes do Japão vinham participar.
Durante um destes, Sesshins, um discípulo, foi pego roubando.
O caso foi reportado a Bankei com a solicitação para que
o culpado fosse expulso.
Bankei ignorou o caso.
Mais tarde o discípulo foi surpreendido na mesma falta,
e novamente Bankei desdenhou o acontecimento.
Isto aborreceu os outros pupilos, que enviaram uma
petição solicitando a dispensa do ladrão, e declarando que,
se
tal não fosse feito, eles todos iriam deixar o retiro.
Quando Bankei leu a petição ele reuniu todos diante de si.
"Vocês são sábios" ele disse aos discípulos.
"Vocês sabem o que é certo e o que é errado. Vocês podem
ir para qualquer outro lugar para estudar e praticar,
mas este pobre irmão não percebe nem mesmo o que
significa o certo e o errado.
Quem irá ensiná-lo se eu não o fizer?
Eu vou mantê-lo aqui mesmo se o resto de vocês partirem."
Uma torrente de lágrimas foram derramadas
pelo monge que roubara.
Todo seu desejo de roubar tinha se esvaecido.

sexta-feira, 19 de agosto de 2005

Uma linda garota da vila ficou grávida.
Seus pais, encolerizados, exigiram saber quem era o pai.
Inicialmente resistente a confessar, a ansiosa e
embaraçada menina finalmente acusou Hakuin, o mestre
Zen o qual todos da vila reverenciavam profundamente por viver
uma vida digna.
Quando os insultados pais confrontaram Hakuin
com a acusação de sua filha,
ele simplesmente disse: "É mesmo?" .
Quando a criança nasceu, os pais a levaram para Hakuin,
o qual agora era visto como um pária por todos da região.
Eles exigiram que ele tomasse conta da criança,
uma vez que essa era sua responsabilidade.
"É mesmo?" Hakuin disse calmamente enquanto aceitava a criança.
Por muitos meses ele cuidou carinhosamente da criança até
o dia em que a menina não agüentou mais sustentar a mentira
e confessou que o pai verdadeiro era um jovem da vila que
ela estava tentando proteger.
Os pais imediatamente foram a Hakuin, constrangidos,
para ver se ele poderia devolver a guarda do bebê.
Com profusas desculpas eles explicaram o que tinha acontecido.
"É mesmo?" disse Hakuin enquanto devolvia a criança.

quinta-feira, 18 de agosto de 2005

Problemas ...

Todos nós temos problemas, preocupações, inquietações ...
Mas, na maioria das vezes, são criados por nós mesmos ...

quarta-feira, 17 de agosto de 2005

terça-feira, 16 de agosto de 2005

segunda-feira, 15 de agosto de 2005

Certa vez, uma pequena onda do oceano percebeu que ela não era igual às outras ondas e disse:

"Como sofro! Sou pequena, e vejo tantas ondas maiores e poderosas do que eu! Sou na verdade desprezível e feia, sem força e inútil..."

Mas outra onda do oceano lhe disse:

"Tu sofres porque não percebes a transitoriedade das formas, e não enxergas tua natureza original. Anseias egoísticamente por aquilo que não és, e mergulhas em auto-piedade!"

"Mas," replicou a pequena onda,"se não sou realmente uma pequena onda, o que sou?"

"Ser onda é temporário e relativo. Não és onda, és água!"

"Água? E o que é água?"

"Usar palavras para descrevê-la não vai levar-te à compreensão. Contemples a transitoriedade à tua volta, tenhas coragem de reconhecer esta transitoriedade em ti mesma. Tua essência é água, e quando finalmente vivenciares isso, deixarás de sofrer com tua egoísta insatisfação..."

domingo, 14 de agosto de 2005

Plena Consciência ...

1. Não idolatrar nenhuma doutrina, teoria, seja ela qual for, incluindo o budismo. Os sistemas de pensamento budistas devem ser considerados como guias para a prática e não como a verdade absoluta.

2. Não pensar que se possui um saber imutável ou a verdade absoluta. Há que evitar a estreiteza da mente e o apego aos pontos de vista pessoais. Aprender a praticar a via do não apego de maneira a permanecer aberto aos pontos de vista dos outros. A verdade só pode ser encontrada na vida e não nos conceitos. Há que estar disponível para continuar a aprender ao longo de toda a vida e a observar a vida em si mesmo e no mundo.

3. Não forçar os outros, incluindo as crianças, a adoptar os nossos pontos de vista seja por que meios forem: autoridade, ameaça, dinheiro, propaganda ou educação. Respeitar as diferenças entre os seres humanos e a liberdade de opinião de cada qual. Saber, no entanto, utilizar o diálogo para ajudar a renunciar ao fanatismo e à estreiteza do espírito.

4. Não evitar o contacto com o sofrimento nem fechar os olhos diante dele. Não perder a plena consciência sobre a existência do sofrimento no mundo. Encontrar meios de aproximação para com os que sofrem, seja mediante contactos pessoais, visitas, imagens, sons. Despertar e despertar os outros para a realidade do sofrimento no mundo.

5. Não acumular dinheiro nem bens quando milhões de seres sofrem de fome. Não converter a glória, o proveito, a riqueza ou os prazeres sensuais na finalidade da vida. Viver simplesmente e compartir o tempo, a energia e os recursos pessoais com os que necessitam.

6. Não conservar a cólera ou o ódio. Aprender a examinar e a transformar a cólera e o ódio quando ainda não são mais que sementes nas profundidades da consciência. Ao manifestar-se a cólera e o ódio, devemos focar a atenção na respiração e observar de modo penetrante a fim de ver e compreender a natureza desta cólera ou ódio, assim como a natureza das pessoas que se supõe serem a sua causa. Aprender a ver os seres com os olhos da compaixão.

7. Não se perder, deixando-se levar pela dispersão ou pelas circunstâncias envolventes. Praticar a respiração consciente e focar a atenção no que está a acontecer neste instante presente. Entrar em contacto com aquilo que é maravilhoso, pleno de vigor e de frescura. Semear em si mesmo sementes de paz, de alegria e de compreensão de maneira a favorecer o processo de transformação nas profundidades da consciência.

8. Não pronunciar palavras que possam semear a discórdia e provocar a ruptura da comunidade. Mediante palavras serenas e de actos apaziguadores, fazer todos os esforços possíveis para reconciliar e resolver todos os conflitos, por pequenos que sejam.

9. Não dizer falsidades para preservar o interesse próprio ou para impressionar os outros. Não proferir palavras que semeiem a divisão e o ódio. Não difundir notícias sem ter a certeza de que são seguras. Falar sempre com honestidade e de maneira construtiva. Ter a coragem de dizer a verdade sobre as situações injustas mesmo que a nossa própria segurança fique ameaçada.

10. Não utilizar a comunidade religiosa para o interesse pessoal nem a transformar em partido político. A comunidade em que vivemos deve, contudo, tomar uma posição clara contra a opressão e a injustiça e esforçar-se por mudar a situação sem se envolver em conflitos partidários.

11. Não exercer profissões que possam causar dano aos seres humanos ou à natureza. Não investir em companhias que explorem os seres humanos. Eleger uma ocupação que ajude a realizar o ideal próprio de vida com compaixão.

12. Não matar. Não deixar que outros matem. Utilizar todos os meios possíveis para proteger a vida e prevenir a guerra. Trabalhar para o estabelecimento da paz.

13. Não querer possuir nada que pertença a outrem. Respeitar os bens dos outros, mas impedir qualquer tentativa de enriquecimento à custa do sofrimento de outros seres vivos.

14. Não maltratar o corpo. Aprender a respeitá-lo. Não o considerar unicamente como um instrumento. Preservar as energias vitais (sexual, respiração e sistema nervoso) através da prática da Via. A expressão sexual não se justifica sem verdadeiro amor e sem compromisso. Em relação às relações sexuais, tomar consciência do sofrimento que podem causar no futuro a outras pessoas. Para assegurar a felicidade dos outros há que respeitar os seus direitos e compromissos. Estar plenamente consciente das suas próprias responsabilidades na hora de trazer ao mundo novos seres. Meditar sobre o mundo a que trazemos estes seres.

Mestre Zen Thich Nhat Hanh

sábado, 13 de agosto de 2005

Gladys e o Mestre Zen (tradução do inglês)

Em sua busca pelo Zen, Gladys foi para um monastério japonês onde ela passou vários meses. Continuamente perguntando para o Mestre Zen "O que é Zen?" ela não recebia resposta.

Para mostrar o quão merecedora ela era, Gladys limpou os banheiros comunais. O Zen Mestre não estava impressionado e ela se sentiu humilhada.

Quando Gladys percebeu que se ela quisesse limpar banheiros ela podia fazê-lo em qualquer lugar, ela decidiu partir. Ela disse para o Mestre Zen de sua decisão. Ele respondeu: "Isso é Zen."

(fonte: "Zen Without Zen Masters" - Camden Benares, 1977)

sexta-feira, 12 de agosto de 2005

...

Um estudante perguntou : "Mestre, o que é o Zen ?"

O mestre respondeu : "Quando estiver com fome, coma. Quando estiver cansado, durma."

quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Vida inútil ?

Um bondoso fazendeiro tornou-se velho demais para poder trabalhar nos campos. Assim ele passava seus dias apenas sentado na varanda, feliz em observar a natureza. Seu filho era uma pessoa insensível e ambiciosa que não gostava de dar duro. Mas, ainda trabalhando na fazenda, podia observar seu pai de vez em quando ao longe.

"Ele é inútil," o filho falou para si mesmo, agastado, "ele não faz nada!"

Um dia o filho ficou tão frustrado por ver seu pai numa vida que ele considerava absurda, que construiu um caixão de madeira, arrastou-o até a varanda e disse insensivelmente para o seu pai entrar nele. Sem dizer uma palavra, o pai deitou-se no caixão. Após fechar a tampa, o filho arrastou o caixão até as fronteiras da fazenda onde existia um grande abismo. Quando ele se aproximou da beira, ouviu uma suave batida na tampa, de dentro do caixão. Ele abriu-o. Ainda deitado lá pacificamente, o pai olhou para seu filho.

"Sei que você vai lançar-me no abismo, mas antes de fazer isso posso lhe sugerir uma coisa?"

"O que é?" disse o filho, confuso e algo constrangido por ver seu pai tão calmo.

"Lance-me ao abismo, se quiser," disse o pai, "mas salve este bom caixão de madeira. Seus filhos podem querer usá-lo um dia com você..."

quarta-feira, 10 de agosto de 2005

Iluminação

Um estudante foi ao seu professor e disse fervorosamente:

"Eu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a Iluminação! Quanto tempo vai demorar para eu obter este prêmio e dominar este conhecimento?"

A resposta do professor foi casual :

"Uns dez anos..."

Impacientemente, o estudante completou:

"Mas eu quero entender todos os segredos mais rápido do que isto! Vou trabalhar duro! Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em quanto tempo chegarei ao objetivo?"

O professor pensou um pouco e disse suavemente:

"Vinte anos."

terça-feira, 9 de agosto de 2005

Despertar

Quando Buddha atingiu a Suprema Iluminação,
diz uma lenda que alguém lhe perguntou:


"Vós sois um Deus?"

"Não," ele disse.

"Vós sois um santo?"

"Não"

"Então quem sois vós?"

Ele então disse:

"Eu sou Desperto."

segunda-feira, 8 de agosto de 2005

Para relembrar ...

Impermanência

Nada é estático
Tudo é instável, mutável
Somos hoje
consequência de nossos atos
de antes
Portanto, cultivemos bons atos
Evitemos os caminhos do mal
Evitemos os apegos desejosos
Lembre-se:
Estamos morrendo a cada instante
E todos ao nosso redor também
Sendo assim
Tenhamos compaixão para com todos
os que nos cercam
Dedique a cada momento de sua existência
a atenção necessária
Para que sua evolução pessoal
seja constante

domingo, 7 de agosto de 2005

Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei.

No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei .

No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei.

No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar..."

Martin Niemöller, 1933

sábado, 6 de agosto de 2005

Melhor que mil palavras sem sentido, é uma só palavra sensata, capaz de trazer paz àquele que a ouve.

sexta-feira, 5 de agosto de 2005

O aperfeiçoamento pessoal ocorre no dia a dia, ao executarmos nossas tarefas diárias com atenção, disciplina e honestidade ...
Assim, cada coisa que fizermos refletirá a nossa verdade ...

quinta-feira, 4 de agosto de 2005

Dúvidas ...

Os princípios de vida não precisam ser buscados em um mundo de ilusões.
Apenas estejamos atentos, experimentemos e vivamos intensamente os detalhes de cada momento da vida.
A resposta será encontrada exatamente onde começa a dúvida.

quarta-feira, 3 de agosto de 2005

Aquele que é seu próprio mestre
não muda sob a influência do meio ou dos outros.

terça-feira, 2 de agosto de 2005

Paz ...

"A paz não é um conceito abstrato e remoto de nossa vida diária. É uma questão de como cada um de nós planta e cultiva as sementes da paz em nosso mundo real, em nosso cotidiano, nas profundezas de nosso ser e por toda nossa vida. Tenho certeza de que nisso se encontra o caminho mais seguro para a paz duradoura." (Daisaku Ikeda)

segunda-feira, 1 de agosto de 2005

Todas as coisas são impermanentes. Tudo muda o tempo todo sem parar. Nada é igual nem por um instante. Nada é estável. Um minuto atrás, nós éramos diferentes tanto física quanto mentalmente. O que nos faz sofrer não é a impermanência em si, mas o nosso desejo de que as coisas sejam permanentes enquanto elas não o são. Impermanência é movimento, é vida. As coisas só existem na sua forma e cor presentes.

domingo, 31 de julho de 2005

Tudo é ...















Você é filho do universo, irmão das estrelas e árvores.

Você merece estar aqui.
E mesmo se você não consegue compreender isto, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu destino.

Desiderata

Dualismo

Todos os opostos (bem x mal, ter x não ter, eu x outros) acabam por dividir nossas mentes, e a aceitação disso nos leva ao afastamento de nossa mente original através desse dualismo.

sábado, 30 de julho de 2005

Para começar ...

Impermanência

Nada é estático
Tudo é instável, mutável
Somos hoje
consequência de nossos atos
de antes
Portanto, cultivemos bons atos
Evitemos os caminhos do mal
Evitemos os apegos desejosos
Lembre-se:
Estamos morrendo a cada instante
E todos ao nosso redor também
Sendo assim
Tenhamos compaixão para com todos
os que nos cercam
Dedique a cada momento de sua existência
a atenção necessária
Para que sua evolução pessoal
seja constante

L. (30-07-2005)