sexta-feira, 30 de setembro de 2005
Desiderata
Siga tranqüilamente entre a pressa e a inquietude, lembrando que há sempre paz no silêncio.
Tanto quanto possível, sem se humilhar, mantenha boas relações com todas as pessoas.
Fale a sua verdade, mansa e claramente, e ouça a dos outros, mesmo a dos insensatos e ignorantes, pois eles têm sua própria história.
Evite as pessoas escandalosas e agressivas. Elas afligem o vosso espírito.
Se Você se comparar aos outros, Você se tornará presunçoso e magoado, pois sempre haverá alguém superior e alguém inferior a Você.
Você é filho do Universo, irmão das Estrelas e Árvores. Você merece estar aqui e, mesmo sem Você perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo seu destino.
Desfrute das suas realizações bem como dos seus planos.
Mantenha o interesse em sua carreira, ainda que humilde, pois ela é um ganho real na Fortuna cambiante do Tempo.
Tenha cautela nos negócios, pois o Mundo está cheio de astúcias. Mas não se torne um cético, porque a Virtude sempre existirá.
Muita gente luta por altos ideais e em toda a parte a Vida está cheia de heroismo. Seja Você mesmo. Principalmente não simule a afeição. Não seja descrente do Amor, porque mesmo diante de tanta aridez e desencanto ele é tão perene quanto a relva.
Aceite com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os arroubos inovadores da Juventude.
Alimente a força do Espírito que o protegerá no infortúnio inesperado, mas não se desespere com perigos imaginários. Muitos temores nascem do cansaço e da solidão e, a despeito de uma disciplina rigorosa, seja gentil para consigo mesmo. Portanto, esteja em paz com Deus, como quer que Você o conceba e quaisquer que sejam seus trabalhos e aspirações.
Na fatigante confusão da Vida mantenha-se em paz com sua própria alma. Apesar de todas as falsidades e desencantos, o Mundo ainda é bonito.
Seja prudente e faça tudo para ser feliz.domingo, 25 de setembro de 2005
Parar, Acalmar-se, Descansar e Curar-se
Existe uma história zen sobre um homem e um cavalo. O cavalo está galopando rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: "Aonde você está indo?" e o homem a cavalo responde: "Não sei. Pergunte ao cavalo!" Esta é a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela. Estamos sempre correndo, e isso já se tornou um hábito. Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra aos outros também.
Precisamos aprender a arte de fazer cessar — parar nosso pensamento, a força de nossos hábitos, nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz. Nós ligamos a TV e depois a desligamos, pegamos um livro e depois o deixamos de lado. O que podemos fazer para interromper este estado de agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos? É simples. Podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente e da contemplação profunda — para sermos capazes de compreender. Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, os frutos que colhemos são a compreensão, a aceitação, o amor e o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.
Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê? Porque a força do hábito (vashana) acaba vencendo e nos levando de roldão.
Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta. "Alô força do hábito, sei que você está aí!" Nessa altura, se conseguirmos simplesmente sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.
Por outro lado, o esquecimento ou negligência é o oposto.
Tomamos uma xícara de chá sem sequer perceber o que estamos fazendo. Sentamo-nos com a pessoa que amamos mas não percebemos que a pessoa está ali. Andamos sem realmente estar andando. Estamos sempre em outro lugar, pensando no passado ou no futuro. O cavalo dos nossos hábitos nos conduz, e somos prisioneiros dele. Precisamos deter este cavalo e resgatar nossa liberdade. Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos, para que a escuridão do esquecimento desapareça. A primeira função da meditação — shamatha — é fazer parar.
A segunda função da shamatha é acalmar. Quando sofremos uma emoção forte, sabemos que talvez seja perigoso agir sob sua influência, mas não temos força nem clareza suficientes para nos abstermos. Precisamos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o que estamos fazendo e acalmando nossas emoções. Precisamos aprender a nos tornar mais estáveis e firmes, como se fôssemos um carvalho, e não nos deixar arrastar pela tempestade de um lado para outro. O Buddha ensinou uma variedade de técnicas para nos ajudar a acalmar corpo e mente, e considerar a situação presente em toda a sua profundidade. Essas técnicas podem ser resumidas em cinco estágios:
- Reconhecimento: se estamos zangados, dizemos "reconheço que a raiva está dentro de mim".
- Aceitação: quando estamos zangados, não negamos a raiva. Aceitamos aquilo que está presente em
- Acolher: abraçamos a raiva como faz uma mãe com o filho que chora. Nossa atenção plena acolhe a emoção, e só isso já é capaz de acalmar a raiva e a nós mesmos.
- Olhar em profundidade: quando nos acalmamos o suficiente, conseguimos observar profundamente para entender o que provocou a raiva, ou seja, o que está fazendo o bebê chorar.
- Insight: o fruto do olhar profundo é a compreensão das causas e condições, tanto primárias quanto secundárias, que provocaram a raiva e fizeram nosso bebê chorar. Talvez ele esteja com fome. Talvez o alfinete da fralda o esteja machucando. Talvez nossa raiva tenha surgido quando um amigo nos falou em um tom ofensivo, mas de repente nos lembramos de que essa pessoa não está bem hoje porque seu pai está muito doente. Continuamos a refletir dessa forma até compreendermos a causa de nosso atual sofrimento. A compreensão nos dirá o que fazer ou não fazer para mudar a situação.
Depois de nos acalmarmos, a terceira função da shamatha é o repouso. Suponha que alguém nas margens de um rio joga uma pedra para o ar e a pedra cai no rio. A pedra afunda lentamente e chega ao fundo do rio sem esforço algum. Depois que a pedra chega ao fundo do rio, ela descansa, deixando que a água passe por ela. Quando sentamos para meditar podemos nos permitir repousar da mesma forma que essa pedra. Podemos nos deixar afundar naturalmente, na posição sentada — repousando, sem fazer esforço. Temos que aprender a arte de repousar, permitindo que nosso corpo e nossa mente descansem. Se tivermos feridas em nosso corpo e em nossa mente precisamos repousar para que elas possam por si só se curar.
O ato de se acalmar produz o repouso, e o descanso é um pré-requisito para a cura. Quando os animais selvagens estão feridos, eles procuram um lugar escondido para deitar, e descansam completamente por muitos dias. Não pensam em comida nem em mais nada. Apenas descansam, e com isso obtêm a cura de que precisam. Quando nós seres humanos ficamos doentes, nos preocupamos o tempo todo. Procuramos médicos e remédios, mas não paramos. Mesmo quando vamos para a praia ou para as montanhas com a intenção de descansar, não chegamos realmente a repousar, e voltamos mais cansados do que partimos. Temos que aprender a repousar. A posição deitada não é a única posição de descanso que existe. Podemos descansar muito bem durante meditações sentados ou caminhando. A meditação não deve ser um trabalho árduo. Simplesmente permita que seu corpo e sua mente descansem, como o animal no mato. Não lute. Não há necessidade de fazer nada nem realizar nada. Eu estou escrevendo um livro, mas não estou lutando. Estou descansando. Por favor, leiam este livro de uma forma alegre e relaxante. O Buddha disse: "Meu Dharma é a prática do não-fazer."1 Pratiquem de uma forma que não seja cansativa, mas que seja capaz de proporcionar descanso ao corpo, às emoções e à consciência. Nosso corpo e mente sabem curar a si mesmos se lhes dermos uma oportunidade para isso.
Parar, acalmar-se e descansar são pré-requisitos para a cura. Se não conseguirmos parar, nosso ritmo de destruição simplesmente vai prosseguir. O mundo precisa imensamente de cura. Os indivíduos, comunidades e países estão cada vez mais necessitados de cura.
quarta-feira, 21 de setembro de 2005
Trabalhando Duro
"Eu estou ansioso para entender seus ensinamentos e atingir a Iluminação! Quanto tempo vai demorar para eu obter este prêmio e dominar este conhecimento?"
A resposta do professor foi casual,
"Uns dez anos..."
Impacientemente, o estudante completou,
"Mas eu quero entender todos os segredos mais rápido do que isto! Vou trabalhar duro! Vou praticar todo o dia, estudar e decorar todos os sutras, farei isso dez ou mais horas por dia!! Neste caso, em quanto tempo chegarei ao objetivo?"
O professor pensou um pouco e disse suavemente,
"Vinte anos."
Busca da Verdade
Tenhais confiança não no mestre, mas no ensinamento.
Tenhais confiança não no ensinamento, mas no espírito das palavras.
Tenhais confiança não na teoria, mas na experiência.
Não creiais em algo simplesmente porque vós ouvistes.
Não creiais nas tradições simplesmente porque elas têm sido mantidas de geração para geração.
Não creiais em algo simplesmente porque foi falado e comentado por muitos.
Não creiais em algo simplesmente porque está escrito em livros sagrados; não creiais no que imaginais, pensando que um Deus vos inspirou.
Não creiais em algo meramente baseado na autoridade de seus mestres e anciãos.
Mas após contemplação e reflexão, quando vós percebeis que algo é conforme ao que é razoável e leva ao que é bom e benéfico tanto para vós quanto para os outros, então o aceiteis e façais disto a base de sua vida.
Gautama Buddha - Kalama Sutra
terça-feira, 20 de setembro de 2005
Nada Sei
Vivo sem saber
Nunca soube, nada saberei
Sigo sem saber
Que lugar me pertence
Que eu possa abandonar
Que lugar me contém
Que possa me parar
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando enquanto o tempo me deixar
Nada sei desse mar
Nado sem saber
De seus peixes, suas perdas
De seu não respirar
Nesse mar
Os segundos insistem em naufragar
Esse mar me seduz
Mas é só pra me afogar
Sou errada, sou errante
Sempre na estrada
Sempre distante
Vou errando enquanto o tempo me deixar passar
Vou errando enquanto o tempo me deixar .
- Paula Toller/George Israel
sábado, 17 de setembro de 2005
Mente Simples
quinta-feira, 15 de setembro de 2005
Hino sobre a Vida
Muitas pessoas morreram na guerra.
Este pesar, esta dor, ainda podem ser sentidos.
Não importa o quão alto se chore,
Deste modo a paz não pode ser alcançada.
As flores do campo e os pequenos insetos têm vida.
Cada vida tem de ser respeitada,
De onde mais viria a paz?
quarta-feira, 14 de setembro de 2005
terça-feira, 13 de setembro de 2005
O Caminho do Zen
O que sou eu?
O que é vida?
O que é?Apenas uma vez vocês se perguntam com determinação!
Quando encontram problemas, vocês ficam tristes.
Isso é muito bom!Cada vida é única,
Ela nunca volta deste modo.
Vamos nos mexer pelo despertar religioso.
É onde está o Caminho do Zen.
segunda-feira, 12 de setembro de 2005
Al Andar
esconde un alma en paz,
viajero o misionero
va lejos mucho más
Si miro hasta el cielo
o dentro mío, no sé,
ya nada importa mucho
si puedo con sinceridad
saber que, lo intenté
Como el mar y su creciente
va la gente al andar
como el viento y su corrida
va la vida al andar
como el sol a la mañana
que reclama el andar
atesoro el momento
vivo y siento
es mi intento
y lo hago al andar
Viajé por tantos lados
en la imaginación
estamos siempre andando
sin tiempo ni razón
quién sabe las respuestas
quién puede elegir
si existen diferencias
sabemos que hay, en cada ser
deseos de vivir
Como el mar y su creciente
va la gente al andar
como el viento y su corrida
va la vida al andar
como el sol a la mañana
que reclama el andar
atesoro el momento
vivo y siento
es mi intento
y lo hago al andar
La brisa que acaricia
con suavidad el mar
y todas las gaviotas
que vuelan sin cesar
lo veo y lo siento
y no lo sé explicar
espléndido momento
sentir llover
y el sol nacer
vivir y disfrutar
Como el mar y su creciente
va la gente al andar
como el viento y su corrida
va la vida al andar
como el sol a la mañana
que reclama el andar
atesoro el momento
vivo y siento
es mi intento
y lo hago al andar
-Benny Anderson/Björn Uvaeus
domingo, 11 de setembro de 2005
Move On
can hide a peaceful soul
a voyager and a settler
they both have a distant goal
if I explore the heavens
or if I search inside
well – it really doesn’t matter
as long as I can tell myself
I’ve always tried
Like a roller in the ocean
life is motion
move on
like a wind that’s always blowing
life is flowing
move on
like the sunrise in the morning
life is dawning
move on
how I treasure every minute
being part of it
being in it
with the urge to move on
I’ve travelled every country
I’ve travelled in my mind
it seems we’re on a journey
a trip through space and time
and somewhere lies the answer
to all the questions why
what really makes the difference
between all dead
and living things
the will to stay alive
Like a roller in the ocean
life is motion
move on
like a wind that’s always blowing
life is flowing
move on
like the sunrise in the morning
life is dawning
move on
how I treasure every minute
being part of it
being in it
with the urge to move on
The morning breeze that ripples
the surface of the sea
the crying of the seagulls
that hover over me
I see it and I hear it
but how can I explain
the wonder of the moment
to be alive
to feel the sun
that follows every rain
Like a roller in the ocean
life is motion
move on
like a wind that’s always blowing
life is flowing
move on
like the sunrise in the morning
life is dawning
move on
how I treasure every minute
being part of it
being in it
with the urge to move on
-Benny Anderson/Björn Uvaeus
sábado, 10 de setembro de 2005
Nas Mãos do Destino
No caminho para a batalha ele parou em um templo Shintó e disse aos seus homens:
"Após eu visitar o relicário eu jogarei uma moeda. Se a Cara sair, iremos vencer; se sair a Coroa, iremos com certeza perder. O Destino nos tem em suas mãos."
Nobunaga entrou no templo e ofereceu uma prece silenciosa. Então saiu e jogou a moeda. A Cara apareceu. Seus soldados ficaram tão entusiasmados a lutar que eles ganharam a batalha facilmente.
Após a batalha, seu segundo em comando disse-lhe orgulhoso:
"Ninguém pode mudar a mão do Destino!"
"Realmente não..." disse Nobunaga mostrando-lhe reservadamente sua moeda, que tinha sido duplicada, possuindo a Cara impressa nos dois lados.
sexta-feira, 9 de setembro de 2005
Retorno Acolhedor
Andando no caminho vazio,
você pairava no ar,
perdido no ciclo de nascimento e morte
e mergulhado no mundo da ilusão.
Mas o belo caminho é paciente,
sempre esperando que você volte,
este caminho tão familiar a você
e tão confiável.
Ele sabe que você voltará um dia
e ele o acolherá em seu retorno.
O caminho será estimulante e belo
como da primeira vez.
O amor nunca diz que esta é a última vez.
- Thich Nhat Hanh
quarta-feira, 7 de setembro de 2005
Cada pessoa é tão preciosa para si
Não encontrando em nenhum lugar
alguém tão precioso como nós mesmos.
Uma vez que cada pessoa é tão preciosa para si mesma,
que o nosso auto-respeito não faça mal a nenhum outro ser ...
domingo, 4 de setembro de 2005
sábado, 3 de setembro de 2005
Hospedaria
"O que vós desejais?" perguntou o governante, imediatamente reconhecendo o visitante.
"Eu gostaria de um lugar para dormir aqui nesta hospedaria," replicou o mestre.
"Mas aqui não é uma hospedaria, bom homem," disse o Imperador, divertido, "Este é o meu palácio."
"Posso lhe perguntar a quem pertenceu este palácio antes de vós?" perguntou o mestre.
"A meu pai. Ele está morto."
"E a quem pertenceu antes dele?"
"A meu avô," disse, já bastante intrigado, "Mas ele também está morto."
"Sendo este um lugar onde pessoas vivem por um curto espaço de tempo e então partem - vós me dizeis que tal lugar não é uma hospedaria?"